domingo, 14 de agosto de 2011

Linhas para meu pai


Um totem de silêncio, refúgio fugaz,
Constante hibernação, profundidade que guarda segredos,
A capa do palhaço serve para afugentar os fantasmas do medo,
Bucólico, quase sem movimento,
Uma gestação sem fim, pois não há forças para conceber a luz,
O ventre intumescido, em alguns momentos parece querer estourar,
A explosão de palavras que deve vir à tona.

Rejeitado por muitos, o príncipe sem futuro.
Faltou-lhe crédito, carinho e amor,
Usurparam-lhe sua raiz, escondido aprendeu a viver.

Durante décadas sua esperança estava morta,
Sua fé tornou-se anêmica e sem habitação fixa...

Só que algum dia todo príncipe, há de ser rei,
Há de habitar seu castelo e encontrar a donzela amada,
História linda estava a sua espera, encontro com a vida,
O abraço que lhe foi negado, o tempo que passou,
Um olhar acima que o observou...

Banhado foi completamente no rio amor, sarado.

De seus poros hoje exala uma essência pura, o novo aroma do transformar.

Pois reescrever é possível, reconstruir é necessário e ser feliz é nosso direito.

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