sexta-feira, 12 de dezembro de 2008



Quase não o conhecia, me parecia uma figura distante com um nome especial, soava diferente aos ouvidos pronunciar JUVENAL...
Mas o contato ficava sempre no plano do “raso”, talvez pela falta de tempo ou desencontros da vida.
Em um tempo árduo e complicado consegui ter acesso a esta honrosa figura, ou melhor, não somente uma figura, um homem de carne, ossos, alma e paixão.
Lembro daqueles olhinhos tão cansados da peleja dos anos, construir uma história com dignidade não é nada fácil, mas sua íris ostentava um que de dignidade que pode residir em poucos.Me dava um orgulho danado isso.
Toda vez que ia visitar o Vanderlei, por conseqüência Sr. Juvas já estava sentadinho em sua cadeira, ao me ver abria um sorriso tão lindo, pegava em minhas mãos e fazia questão de falar meu nome, com um respeito ímpar.
Pude viver muitas aventuras com Sr. Juvas, sempre havia um causo interessante, desde sua vida de vendedor ou até mesmo como conheceu meu outro eu, a qual chamava-lhe filho. Como as almas são um pouco misturadas, talvez sentisse que uma outra versão d e meu pai estava ali, um papel mais caloroso, mais comunicativo, mais brilhante, talvez.
Alguns dias foram difíceis trazer Sr. Juvas para seu estado de alma de sempre, aquela coisa chata e dolorida que denominanos doença estava consumindo sua energia tão linda, lembro daquele esforço em não perder a alma e virar apenas um ser de murmúrios, mas as vezes tinha que sair, aquela angústia toda, o cansaço do homem tão ativo e trabalhador ficar confinado a lençóis brancos, máquinas que filtravam sua essência de vida e ambientes inóspitos.
Ai eu lembrava de meu grande amor, a Domingas que havia vivido essa história em outro tempo, outro lugar.
Pedia a Deus que fizesse finais diferentes, mas parecia ser complicado tal fato ocorrer...
Me deixava tão feliz aquele orgulho que tinha quando falava do Vand, seu olho se iluminava feito candeia na noite, havia tanto amor naqueles olhos, como se a sua própria vida fosse ver aquele ser que lhe foi dado pelos céus completo, ele sempre me dizia feito missão de vida: Cuida do Vanderlei, faz ele criar juízo! Eu achava engraçado o pai do meu pai pedindo isso... Não entendia que aqueles dizeres eram fatos e não palavras ao ar.
Teve outro dia que Sr. Juvas foi pro hospital e quando voltou faltava um pedaço dele, lembro dele me contando que ficou procurando uma coisa que faltava, me deu uma tristeza tão profunda ouvir aquilo, pensei: - Meu Deus isso não é justo!!!
A raiva quis me consumir, e ouvia ele tão calmo dizendo, agora tenho até uma bengalinha, e sorria...
Foram muitos dias sentadinho ao seu lado naquele bar, cheio de barulho, fliperamas e outros, não sei se os habitantes daquele lugar puderam conhecer o sábio homem que habitava ali, mas quem passou por Sr. Juvas, igual não ficou.
Por isso meu querido pai, durma o sono dos justos, que aqui na Terra grato completo a missão que deixastes.
Retribuo seu sorriso, amor e palavras que me acolheram quando sem rumo estava.

Te amo.