quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Island_Soul



Transformar meu arquipélago não tem sido tarefa fácil,
Diferentes ilhas, com nome e propriedades únicas
Habitantes, fauna, flora, atmosferas diferenciadas,
Cada dia uma dessas ilhotas, salta-me interiormente, numa trama de muitos nós,
Olho e penso – Qual será a resolução para isso?
Inconstância, ondulações de meu ser. Creio não poder viver assim.
Dias de sol radiante, felicidade extrema, olhos de luz profunda,
Dias de nevoeiro, lua minguante, estrelas escondidas, manto sombrio, dor da trizteza,
Decisões para mais de um futuro, a rede de habitantes em tantas ilhas, diferentes concepções do herói que os escuta com o coração,
Para amparar suas frágeis esperanças, para olhar e ter crença no impossível,
Pso conciente, luta para além do natural,
Peço, juntem-se fragmentos incompletos, seja formado guerreiro do tempo,
Para contrariar e confrontar o molde que está sobre ti,
Para apagar o escrito de cobrança, para aplanar o caminho de sonhos futuros.
Unidos, coesos, vinculados – elo inquebrável.
Óh ilhas! Formem um país só! A pátria habitável, o chão que recebe os pés cansados com uma benção,
Sim, o lugar tão esperado por vocês, esse lugar que sempre sonhei para mim.
Abril/2008

Foto: Person standing on an island at dusk, Klavskar, Smaland, Sweden
Crédito: Jorgen Larsson

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Morpho



Todos vocês me são necessários para que entenda a forma que o mundo é,
Mesmo os que já foram levados ou que adormeceram, ecoam vozes em mim, para guiar minha rota terrena,
A voz invisível, a crença do ventre também é meu norte, o lugar que me dá forças para caminhar,
Os visíveis e invisíveis, a fé e razão, os amores passados, presentes, futuros e atemporais.
Compõem a mescla rara que sou, esse apanhado de memórias, de vozes, de sons audíveis, o tato, a linha cronológica.
Em cada poro, uma palavra, em cada pensamento, um recordar, sou feito de significações, sou um molde de infinitas possibilidades,
Posso ser lagarta-borboleta e me fechar em casulos quando quiser,
Sou diamante-carvão, lapidado pelo tempo ou apenas pedra para ser queimada,
Sou a tríade de estados, o líquido que lhe envolve, o gasoso que te sobe as narinas, afeta seus sentidos, sou sólido, o toque macio ou o tapa brusco que te fará acordar.
Sou estação de sensações, sem calendário fixo, te farei suar ou apenas recolher-se com o mais denso frio.
Sou assim o óbvio que você acha que já leu, mas no fundo ainda ficará atordoado quando entender que na verdade qualquer leitura não caberá em mim...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Radix



Vi que o tempo escorre pelas mãos, mesmo sem querer, fagulhas ao vento, sem volta.
Aprisionados estamos, na ânsia de fazer algo que reverta o processo, estabelecer uma parceria com Chronos no intuito de otimizar as tantas coisas que deixamos para trás, por conta da falta do Sr. Tempo.
Pensara por vezes que um clone seria uma fácil saída, daí, portanto dividiria todas as funções que habitam em mim e meu problema estaria facilmente resolvido
Mas desisti da idéia, tal clone seria enredado mais uma vez na trama do tempo, assumiria mais coisas para si e se perderia de qualquer maneira.
Nessa dança de ponteiros vejo refletido o tempo aliado as tantas escolhas que fazemos, ao fechar os olhos e mergulhar pra dentro é possível notar que a raiz embora escondida, esteve crescendo de acordo com nossa vontade, tomando uma forma, se ramificando em veios que se ligam a todo nosso ser, fazendo de cada um de nós, o mais perfeito reflexo de uma planta nutrida pelo alimento oferecido.
A colheita sempre é obrigatória, o plantio às vezes pode ser involuntário...
Tempo, raiz, escolha – E do pó fui feito e para lá voltarei.