Concebido estava em um mundo sem você,
Despercebido, um dia desses qualquer cruzei contigo,
Olhar estranho, despertar da curiosidade, quem será está?
Algumas noites sem dormir, pensamentos colados a tua imagem,
Despertar vagaroso de sentimentos desconhecidos,
Certezas deveriam existir, sondei meu coração e percebi.
Você tinha sido a eleita!
Com tal certeza pude viver com muito mais dedicação,querer tê-lá pra mim, trazê-la junto a meu lugar secreto,abrir-lhe as cortinas de minha alma e arrebatar-te num êxtase de lábios e almas.
Minha metade chamada pureza, pedaço de céu, flor mais rica e bela, a dádiva imerecida.
Passei a enxergar além do real, com teus olhos vi um futuro que pensava estar longínquo,
Ao tê-la desfrutei por algum tempo de momentos inesquecíveis.
Mas o egoísmo gritou mais alto,a vontade de não pertencer, a ânsia em voar para longe da gaiola aberta,o sentimento de prisão irreal.
Abandonei-te.
Passei a vagar por lugares sem ti, pertenci a outras almas, ou melhor, deixe-me pertencer por instantes,
Senti lábios sem sabor, olhos sem luz, prazer animal, suor gelado e reinados de mentira.
Desejado fui, não como por ti, mas sim como num jogo de cartas, o coringa que resolveria algumas situações como carência, euforia, ilusão ou quem sabe excitação.
Cansei.
Deitado em meu leito, na penumbra, uma lágrima umedeceu meu rosto, sua imagem saltou-me a mente, seu doce olhar paralisou meus pensamentos e neste momento descobri minha burrice: Percebi que lhe amava!
Esse sentimento outrora oculto e desconhecido me levou ao desespero, estava sem ti, larguei tuas mãos lá atrás, deixei-te solta para outros corações! O que faria eu?
Chorei com terror, a realidade de teus olhos incomodava-me todos os minutos.
Teria outra chance? Tu serias minha novamente?
Reconstruir seria necessário, ganhar-te, trazê-la mais uma vez para perto de meu ser.
A ampulheta escorreu sua areia, cada dia fazia petições ao meu Deus, na ânsia de estar junto à ti.
O dia chegou, decidi que terias que encará-la! Medo, impressões estranhas, mãos geladas. Encarei meu ego que dizia em alto som: - Vai humilhar-te?
Respondo prontamente: – SIM!!!
Entro novamente em seu lar, os móveis ainda estão ali, os cômodos são os mesmos, as paredes me lançam um olhar surpreso, ao fundo de sua janela vejo a lua, mui bela que me oferece uma piscadela de incentivo.
Olho você: Linda, dócil, reparo suas meias infantis!Rio-me por dentro.
Olho-te com a eternidade que há em minha alma, você meu futuro, naquele instante parada ali esperando saber o motivo de repentino aparecimento.
Contemplando-te fico não pretendo sair dali tão cedo. Lábios colados, as palavras brincam em minha garganta, não conseguindo achar o fluxo para saírem.
Abraço-lhe.
Espero que sinta minha vida, querendo novamente caminhar junto a sua.
Respiro fundo e lhe digo:
Volta para mim, só consigo amar você!
Silêncio.
Vejo seu rosto corado, maçãzinhas rubras, olhos saltados, sorrisinho meio tímido.
Pego em sua mão, não necessitamos mais de palavras, fique aqui, apenas fique.
Tu obviamente não respondes prontamente, pede tempo para digerir tais fatos.
O tempo é seu! Só seu.
Aguardo os dias passarem, ansioso estou.
Num dia qualquer, eis que surge minha princesa. Parece esconder-me algo.
Preciso saber qual sua resposta!
Ela pega em minhas mãos e conduz-me por ruas onde passei minha infância, o dia está frio, o silêncio impera, de repente paramos num local vazio, ao lado de uma árvore de cerejeiras.
Chegou o momento!
Olho para ti e mais uma vez sinto que as luzes eternais se encontram, aquele momento indescritível que somente o amar nos dá acesso.
Pego em suas mãos, dedos gélidos, pele macia, gago estou.
Antes de beijar minha amada preciso perguntar-lhe algo:
- Quer casar comigo?
Silêncio...
Começa a chover.
Batizados neste minuto sentimos estar, espero sua resposta.
Respiras fundo e eis que os céus se abrem, ouço o mais alto e confiante: SIM!
Neste momento os anjos dançam, a chuva parece quente, os ventos exalam um doce aroma, pego suavemente em seu rosto e selamos nossos lábios com um ardente beijo.
A ligação é automática, arrepios, desejo, amor, futuro.
Ter você, ser teu, dar-nos a chance da felicidade.
Em meu caminhar contigo, nem tudo poderá ser perfeito, mas tenho certeza que só há plenitude habitar junto a ti.
´´O futuro nos escolheu´´.
